A Cerimônia do Hugo Awards 2023: Um Resumo

Hoje decidi trazer um resumo de como foi o Hugo Awards deste ano, vendo que poucos sites em português relatam algo além de quem foram os ganhadores. Considerando a importância desta última premiação, achei válido trazer alguns dos pontos mais relevantes.

Sobre o Hugo Awards

O Hugo Awards é o maior prêmio da ficção científica e da fantasia, e tem sido organizado e votado anualmente desde 1955 pelos membros da World Science Fiction Convention (“Worldcon”). Ele tem esse nome em homenagem à Hugo Gernsback, um editor de revistas de ficção científica que se empenhou em ampliar o público do sci fi. Ele fundou a “Amazing Stories”, a primeira revista de ficção científica estadunidense, em 1926.

O impacto do Hugo Awards para a ficção científica e a fantasia internacionais é imensurável; traz novos nomes e até mesmo culturas ao holofote mundial, e prevê tendências na literatura que podem ser trunfos para novos autores que querem ser notados.

A Sede de 2023

A cada ano, a convenção Worldcon ocorre em um local diferente, e durante ela, os ganhadores do Hugo são revelados. Historicamente, a maioria das Worldcons ocorreram nos Estados Unidos, mas algumas edições se passaram em outros países, em geral na América do Norte e na Europa. Em 2007 ocorreu a primeira Worldcon sediada na Ásia, em Yokohama, no Japão. E agora, em 2023, ela teve sua segunda sede asiática, desta vez em Chengdu, na China.

Chengdu é um local especial. Localizada na província de Sichuan, é um polo cultural e econômico mais conhecido por suas reservas de proteção do urso panda, mas está começando a se vender de uma forma diferente: como a cidade do futuro. Para sediar a convenção, foi construído o imenso Chengdu Science Fiction Museum, com inúmeras áreas de exposições interativas e auditórios de última geração. O projeto de Zaha Hadid conta com 59 mil m2 e mescla formas da natureza com espaçonaves sci fi e a silhueta dos telhados de templos budistas, fundindo assim o passado, o futuro, o natural e o inorgânico em uma visão do que a China poderá se tornar em um futuro promissor.

É notável perceber a atual abertura da China para com o mercado de ficção científica, tanto nacional quanto internacional. Até poucas décadas, o consumo de sci fi era desencorajado e muitas obras eram censuradas ou sequer chegavam a ser publicadas formalmente. Porém, a China descobriu que grande parte de seus expoentes das exatas foram influenciados pelo consumo de ficção científica durante a juventude, e assim o governo tem investido em peso para estimular os jovens a se interessarem pela ciência. Também é uma forma de controlar a narrativa cultural; ao se vender como um país avançado e tecnológico, a China manipula sua imagem internacional de maneira semelhante ao Estados Unidos desbravador da Lua da Guerra Fria, ou ao Japão cyberpunk dos anos 80 aos 2000.

Acontecimentos Notáveis

Outro destaque fica para a quantidade de autores latino-americanos presentes no evento, entre eles a escritora e pesquisadora brasileira Ana Rüsche, os peruanos César Santiváñez e Tanya Tynjälä, a argentina Laura Ponce, e o chileno Leonardo Espinoza Benavides. Também houve uma grande presença de outros países asiáticos, como Coréia do Sul, Índia e Japão além de alguns países que raramente são representados no evento, como Arábia Saudita, Nigéria e Romênia.

Até hoje, o sucesso de uma obra de ficção científica em âmbito internacional depende muito da aprovação dos Estados Unidos. Talvez com a maior abertura para autores de fora do círculo anglófono, póssamos ver nos próximos anos o surgimento de um sci fi verdadeiramente mundial (e quem sabe um dia, uma Worldcon no Brasil?).

Um projeto pedagógico da província de Sichuan trouxe a participação ativa de jovens e crianças, com concursos de redação e ilustração entre os estudantes. A juventude chinesa também aclamou o comparecimento de Cixin Liu, o convidado de honra e autor de “O problema dos três corpos” (tradução de Leonardo Alves, Companhia das Letras).

Todos os fatores mencionados acima contribuíram para tornar esta Worldcon em uma recordista em níveis de público, somando aproximados 10.000 visitantes por dia.

Sobre a votação

O processo de votação do Hugo Awards é um pouco diferente da maioria dos prêmios literários, vendo que quem escolhe os trabalhos finalistas são todos os membros da World Science Fiction Society (WSFS), e para alguém se tornar membro, basta comprar a afiliação na Worldcon do ano atual.

Vendo o quanto o prêmio depende do voto do público, a “cara” dele mostra quem está presente. Assim, na maioria das edições, os autores americanos dominaram as listas de finalistas. Mas é claro que, este ano, houve uma quantidade considerável de autores chineses e de outros países asiáticos na lista. Ainda assim, muitos dos nomes presentes já são conhecidos de quem está atualizado sobre a ficção especulativa internacional.

Os Finalistas e os Premiados

Segue abaixo a lista oficial dos premiados e finalistas do Hugo Awards de 2023, com os vencedores em cada categoria em destaque. Aqueles que tem uma tradução oficial em português brasileiro levam as informações da edição entre colchetes. Os que tem uma versão disponível para leitura online, mesmo que em inglês, também tem o link disponível.

Melhor Romance

•             “Nettle & Bone”, por T. Kingfisher (Tor Books)

•             “The Daughter of Doctor Moreau”, por Silvia Moreno-Garcia (Del Rey) [“A filha do doutor Moreau”, tradução Bruna Miranda, Melhoramentos]

•             “The Kaiju Preservation Society”, por John Scalzi (Tor Books)

•             “Legends & Lattes”, por Travis Baldree (Tor Books)

•             “Nona the Ninth”, por Tamsyn Muir (Tordotcom) [da série “Túmulo Trancafiado”, Alta Novel]

•             “The Spare Man”, por Mary Robinette Kowal (Tor Books)

Melhor Novela

•             “Where the Drowned Girls Go”, por Seanan McGuire (Tordotcom)

•             “Even Though I Knew the End”, por C.L. Polk (Tordotcom)

•             “Into the Riverlands”, por Nghi Vo (Tordotcom)

•             “A Mirror Mended”, por Alix E. Harrow (Tordotcom)

•             “Ogres”, por Adrian Tchaikovsky (Solaris)

•             “What Moves the Dead”, por T. Kingfisher (Tor Nightfire) [“A Queda da Casa Morta”, tradução de Flora Pinheiro, Darkside]

Melhor Noveleta

•             “The Space-Time Painter”, por Hai Ya (Galaxy’s Edge, abril de 2022)

•             “The Difference Between Love and Time”, por Catherynne M. Valente (“Someone in Time: Tales of Time-Crossed Romance”, Solaris)

•             “A Dream of Electric Mothers”, por Wole Talabi (“Africa Risen: A New Era of Speculative Fiction”, Tordotcom)

•             “If You Find Yourself Speaking to God, Address God with the Informal You”, por John Chu (Uncanny Magazine, julho a agosto de 2022)

•             “Murder By Pixel: Crime and Responsibility in the Digital Darkness”, por S.L. Huang (Clarkesworld, dezembro de 2022)

•             “We Built This City”, por Marie Vibbert (Clarkesworld, junho de 2022)

Melhor Ficção Curta

•             “Rabbit Test”, por Samantha Mills (Uncanny Magazine, novembro-dezembro de 2022)

•             “D.I.Y.”, por John Wiswell (Tor.com, agosto de 2022)

•             “On the Razor’s Edge”, por Jiang Bo (Science Fiction World, janeiro de 2022)

•             “Resurrection”, por Ren Qing, traduzido por Blake Stone-Banks (Future Fiction/Science Fiction World, dezembro de 2022)

•             “The White Cliff”, por Lu Ban (Science Fiction World, maio de 2022)

•             “Zhurong on Mars”, por Regina Kanyu Wang (Frontiers, setembro de 2022)

Melhor Série Literária

•             “Children of Time Series”, por Adrian Tchaikovsky (Pan Macmillan/Orbit) [“Herdeiros do Tempo”, Morro Branco]

•             “The Founders Trilogy”, por Robert Jackson Bennett (Del Rey) [“Trilogia Os Fundadores”, Morro Branco]

•             “The Locked Tomb”, por Tamsyn Muir (Tor.com) [“Túmulo Trancafiado”, Alta Novel]

•             “October Daye”, por Seanan McGuire (DAW)

•             “Rivers of London”, por Ben Aaronovitch (Orion)

•             “The Scholomance”, por Naomi Novik (Del Rey) [“Scholomance”, Alta Novel]

Melhor Quadrinho ou Graphic Novel

•             “Cyberpunk 2077: Big City Dreams”, por Bartosz Sztybor, Filipe Andrade, Alessio Fioriniello, Roman Titov, Krzysztof Ostrowski (Dark Horse Books)

•             “DUNE: The Official Movie Graphic Novel”, por Lilah Sturges, Drew Johnson, Zid (Legendary Comics)

•             “Monstress vol. 7: Devourer”, por Marjorie Liu e Sana Takeda (Image Comics)

•             “Once & Future Vol 4: Monarchies in the UK”, por Kieron Gillen / Dan Mora (BOOM! Studios)

•             “Saga, Vol. 10”, por Brian K. Vaughan, Fiona Staples, Fonografiks (Image Comics)

•             “Supergirl: Woman of Tomorrow”, por Tom King, Bilquis Evely, e Matheus Lopes (DC Comics)

Melhor Trabalho Relacionado

•             “Terry Pratchett: A Life With Footnotes”, por Rob Wilkins (Doubleday)

•             “Blood, Sweat & Chrome: The Wild and True Story of Mad Max: Fury Road”, por Kyle Buchanan (William Morrow)

•             “Buffalito World Outreach Project”, por Lawrence M. Schoen (Paper Golem LLC)

•             “Chinese Science Fiction, An Oral History, Volume 1”, por Yang Feng (Chengdu Times Press)

•             “The Ghost of Workshops Past”, por S.L. Huang (Tor.com)

•             “Still Just a Geek: An Annotated Memoir”, por Wil Wheaton (William Morrow)

Melhor Apresentação Dramática em Formato Longo

•             “Everything Everywhere All at Once” [“Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo”], roteiro de Daniel Kwan e Daniel Scheinert, dirigido por Daniel Kwan e Daniel Sheinert (IAC Films / Gozie AGBO)

•             “Avatar: The Way of Water” [“Avatar: O Caminho da Água”], roteiro por James Cameron, Rick Jaffa, e Amanda Silver, dirigido por James Cameron (Lightstorm Entertainment / TSG Entertainment II)

•             “Black Panther: Wakanda Forever” [“Pantera Negra: Wakanda para Sempre”], roteiro por Ryan Coogler e Joe Robert Cole, dirigido por Ryan Coogler (Marvel Studios)

•             “Nope” [“Não! Não Olhe!”], roteiro por Jordan Peele, dirigido por Jordan Peele (Universal Pictures / Monkeypaw Productions)

•             “Severance” (Temporada 1), escrita por Dan Erickson, Anna Ouyang Moench et al., dirigida por Ben Stiller e Aoife McArdle (Red Hour Productions / Fifth Season)

•             “Turning Red” [“Red: Crescer é uma Fera”], roteiro por Julia Cho e Domee Shi, dirigido por Domee Shi (Walt Disney Studios / Pixar Animation Studios)

Melhor Apresentação Dramática em Formato Curto

•             The Expanse: “Babylon’s Ashes” [The Expanse: “Cinzas da Babilônia”], escrito por Daniel Abraham, Ty Franck, Naren Shankar, dirigido por Breck Eisner (Alcon Entertainment)

•             Andor: “One Way Out”, escrito por Beau Willimon, Tony Gilroy, e George Lucas, dirigido por Toby Haynes (Lucasfilm)

•             Andor: “Rix Road”, escrito por Tony Gilroy e George Lucas, dirigido por Benjamin Caron (Lucasfilm)

•             For All Mankind: “Stranger in a Strange Land”, escrito por Matt Wolpert e Ben Nedivi, dirigido por Craig Zisk (Tall Ship Productions/Sony Pictures Television)

•             She-Hulk: Attorney at Law: “Whose Show is This?”[She-Hulk: “De Quem é essa Série?”], escrito por Jessica Gao, Francesca Gailes, e Jacqueline Gailes, dirigido por Kat Coiro (Marvel Entertainment)

•             Stranger Things: “Chapter Four: Dear Billy” [Stranger Things: “Capítulo Quatro: Querido Bily”], escrito por Matt Duffer, Ross Duffer, e Paul Dichter, dirigido por Shawn Levy (21 Laps Entertainment)

Melhor Editor em Formato Curto

•             Neil Clarke

•             Scott H. Andrews

•             Oghenechovwe Donald Ekpeki

•             Sheree Renée Thomas

•             Xu Wang

•             Feng Yang

Melhor Editor em Formato Longo

•             Lindsey Hall

•             Ruoxi Chen

•             Lee Harris

•             Sarah Peed

•             Huan Yan

•             Haijun Yao

Melhor Artista Profissional

•             Enzhe Zhao

•             Sija Hong

•             Kuri Huang

•             Paul Lewin

•             Alyssa Winans

•             Jian Zhang

Melhor Revista Semiprofissional

•             Uncanny Magazine, editores-chefe: Lynne M. Thomas e Michael Damian Thomas; editor de redação e poesia Chimedum Ohaegbu; editor de redação Monte Lin; editora de não ficção Meg Elison; produtores de podcast Erika Ensign e Steven Schapansky.

•             Escape Pod, co-editores Mur Lafferty e Valerie Valdes; editores assistentes Benjamin C. Kinney e Premee Mohamed, apresentadora Tina Connolly, produtores Summer Brooks e Adam Pracht.

•             FIYAH, editada por todo o time FIYAH.

•             khōréō, editada pelo time khōréō.

•             PodCastle, co-editores Shingai Njeri Kagunda e Eleanor R. Wood; diretora assistente Sofia Barker; apresentador Matt Dovey; produtores de áudio Peter Adrian Behravesh, Devin Martin, e Eric Valdes.

•             Strange Horizons, editada pelo The Strange Horizons Editorial Team.

Melhor Fanzine

•             Zero Gravity Newspaper, por RiverFlow e Ling Shizhen

•             Chinese Academic SF Express, por Latssep e Tianluo_Qi

•             Galactic Journey, por Gideon Marcus, Janice Marcus, Tammi Bozich, Erica Frank, Arel Lucas, e Mark Yon

•             Journey Planet, por Regina Kanyu Wang, Yen Ooi, Arthur Liu, Jean Martin, Erin Underwood, Steven H Silver, Pádraig Ó Méalóid e outros co-editores.

•             Nerds of a Feather, por Roseanna Pendlebury, Arturo Serrano, Paul Weimer, Adri Joy, Joe Sherry, Vance Kotrla, e G. Brown.

•             Unofficial Hugo Book Club Blog, por Olav Rokne e Amanda Wakaruk

Melhor Fancast

•             Hugo, Girl!, por Haley Zapal, Amy Salley, Lori Anderson, e Kevin Anderson.

•             Coode Street Podcast, apresentado por Jonathan Strahan e Gary K. Wolfe, produzido por Jonathan Strahan.

•             Hugos There, por Seth Heasley.

•             Kalanadi, criado e apresentado por Rachel.

•             Octothorpe, por John Coxon, Alison Scott, e Liz Batty.

•             Worldbuilding for Masochists, por Cass Morris, Rowenna Miller, e Marshall Ryan Maresca.

Melhor Autor Fã

•             Chris M. Barkley

•             Bitter Karella

•             Arthur Liu

•             RiverFlow

•             Jason Sanford

•             Örjan Westin

Melhor Artista Fã

•             Richard Man

•             Iain Clark

•             Laya Rose

•             Alison Scott

•             España Sheriff

•             Orion Smith

Prêmio Lodestar Award para melhor Livro Jovem Adulto (apresentado pela World Science Fiction Society)

•             “Akata Woman (The Nsibidi Scripts)”, por Nnedi Okorafor (Viking Books for Young Readers) [ “Trilogia Akata”, Galera Record]

•             “Bloodmarked”, por Tracy Deonn (Simon & Schuster Books for Young Readers) [“Marcada com Sangue”, tradução de Jim Anotsu, Intrínseca]

•             “Dreams Bigger Than Heartbreak”, por Charlie Jane Anders (Tor Teen/Titan Books)

•             “The Golden Enclaves”, por Naomi Novik (Del Rey) [“Scholomance”, Alta Novel]

•             “In the Serpents Wake”, por Rachel Hartman (Random House Books for Young Readers)

•             “Osmo Unknown and the Eightpenny Woods”, por Catherynne M. Valente (Margaret K. McElderry Books)

Prêmio Astounding Award para Melhor Novo Autor (apresentado por Dell Magazines)

•             Travis Baldree (Primeiro ano de eligibilidade)

•             Naseem Jamnia (Primeiro ano de eligibilidade)

•             Isabel J Kim (Segundo ano de eligibilidade)

•             Maijia Liu (Primeiro ano de eligibilidade)

•             Everina Maxwell (Segundo ano de eligibilidade)

•             Weimu Xin (Segundo ano de eligibilidade)

E estes foram os Hugo Awards de 2023. O próximo prêmio acontecerá em 2024 em Glasgow, Escócia, e o de 2025 voltará aos Estados Unidos em Seattle. Após isso, quem sabe uma edição latino-americana?

Caso queira saber mais detalhes sobre a edição desse ano, o podcast Viva Sci-Fi fez uma edição específica sobre ele:

Até breve!

Deixe um comentário

Do fundo do Baú: Manual do Escritor da Taverna #????? – A Jornada do Herói

NOTA: Este post foi originalmente publicado em 2017 ou 2018, no finado Blog A Taverna. (perdi o título original dele, inclusive…) Minha escrita melhorou depois disso, enquanto outros detalhes simplesmente se tornaram datados. Decidi publicar os números que escrevi para manter a lembrança viva… E também para dar umas risadas. Seguem algumas “Notas do Futuro”…

Do fundo do Baú: Manual do Escritor da Taverna #????? – Show, don’t Tell

NOTA: Este post foi originalmente publicado em 2017, no finado Blog A Taverna. (perdi o título original dele, inclusive…) Minha escrita melhorou depois disso, enquanto outros detalhes simplesmente se tornaram datados. Decidi publicar os números que escrevi para manter a lembrança viva… E também para dar umas risadas. Seguem algumas “Notas do Futuro” onde elas…

Reflexão – Minha experiência com o Cyberpunk

Estes tempos me peguei revisitando alguns antigos contos, entre eles os cyberpunks que emplaquei nas antologias da finada Coverge. Eles foram escritos em uma época curiosa, entre 2017 e 2019, onde decidi retomar a escrita com intenção de publicação, e para isso passei a ler e escrever em um ritmo que não tinha desde o…